sábado, 23 de outubro de 2010

Talvez a mais cruel das perguntas seja...


..."por que é que, ainda que nos convençamos de que queremos avançar, não conseguimos sair do lugar?"
Por mais e mais vezes que iniciemos as mudanças, em praticamente qualquer âmbito, parece que há algo, uma espécie de resistência de poder incomensurável que impede toda e qualquer mudança na sua origem e deita por terra todo e qualquer esforço.
No entanto, por que é que algumas pessoas se determinam a mudar, e de fato conseguem (mesmo que não sejam estas a maioria)? Por que é que para nós sempre nos vem a sensação de impossível sempre que nos deparamos com um fato novo que não está ao nosso controle?
Ficamos nervosos com as coisas que não conseguimos fazer e não avançamos. Paramos em frente ao obstáculo e ali ficamos, olhando para o muro, enquanto alguma coisa lá do outro lado o levanta mais e mais. Estamos tão absortos nessa impossibilidade de avançar que já não nos damos conta que na realidade não existe nada do outro lado do muro o aumentando, mas ao contrário. Estamos tão cegos pelo tamanho do muro que não vemos nossas próprias mãos o construindo.
É necessário saber que tudo o que acontece conosco guarda relação única e exclusivamente conosco. Nossos problemas acontecem por nossa causa, embora sempre estejamos dispostos a achar o "culpado", sem que tenhamos que olhar para nós mesmos. De fato, se houvesse a possiblidade de algo nos acontecer, sem que pudéssemos ter controle sobre a situação, estaríamos à mercê das situações, e então nossos esforços acabariam por serem vazios e sem sentido. Se nossa vida não pode ser controlada por nós, então não deveria haver esperança alguma.
Alguém poderia dizer: "mas não se pode lutar contra o destino". Eu diria o contrário. Eu diria que aí reside o problema. O Destino prepara tudo para que realizemos aquilo que nos é próprio, que nos realizará e que nos fará elevermo-nos a um novo patamar. Nós, por nossa vez, por termos uma mente egoísta e muito pequena para poder compreender uma coisa grande como o destino, acabamos por não aceitá-lo como opção "pré-determinada" (entre aspas, pois fomos nós mesmos que assim quisemos). E, lutando contra o destino, causamos problemas para que nós mesmos não possamos fazer aquilo que deveríamos estar fazendo. Nosso Destino é nosso Dever, e nosso Destino é nosso Poder. Se estamos caminhando de acordo com ele, nem animal, nem homem, nem deus algum pode interferir no nosso caminho. Nada é maior que o Destino de cada coisa. E o Destino de todas as coisas é o mesmo (Dharma).
No entanto, mesmo que possamos, intelectualmente, compreender isso (ou achar que compreendemos), por que então ainda é difícil avançar? Voltemos ao exemplo do muro: estamos ali, parados e olhando o muro crescer, enquanto nossas mãos o erguem ainda mais. Somos nós em frente aos velhos problemas, que nunca enfrentamos, e que por isso nos parecem maiores do que realmente são. Mas, você se perguntou alguma vez o que há para além do muro?
Nessa pergunta reside a resposta para a nossa falta de crescimento.
Para além do muro há o desconhecido, mas também há a certeza de que, se outro muro, deste tamanho ou menor se apresentar, você será capaz de passar por ele assim como fez com este. E isso implica em crescimento. E, por alguma razão, o que tememos não é o problema, mas o desconhecido para além da sua superação. O muro não nos limita, mas, para nossa "consciência" dormente, é algo que nos protege do desconhecido além. O muro, para ela, não é um problema, mas uma solução. E assim, para essa "consciência", nosso "eu-cheio-de-desculpas-sempre-certo-nunca-culpado-de-nada", etenamente sofredor e carente, qualquer tipo de esforço para atravessar o obstáculo é maligno e deve ser eliminado.
Temos medo da grandeza. Temos medo de descobrir que somos capazes de realizar muitas coisas. Temos medo de sermos reconhecidos, e que outras pessoas esperem grandes feitos de nós. Temos medo de chegarmos a conhecer nossos próprios limites, pois conhecê-los implica na capacidade para superá-los, e assim sempre estaremos em movimento, sempre fora da nossa zona de conforto, e sempre crescendo.
Temos medo de conhecermos a nós mesmos e, nesse processo, descobrirmos que o que sempre acreditamos ser nunca passou de uma sombra que nós mesmos criamos. Sim. Apenas uma sombra, pois nossa real natureza é luminosa.
Enfim, agora, é possível afirmar que a pergunta mais cruel é "estamos de fato dispostos a mudar para chegar ao nosso Destino?". Espero que sua resposta seja "sim", já é um começo. Mas, como eu vinha dizendo, o problema é que, para além do muro, nós temos medo de acharmos a nós mesmos.
"Homem, conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o Universo e os Deuses." (Sócrates) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário